O folar transmontano é uma referência na gastronomia portuguesa e representa a união entre a tradição, cultura e religião. É um símbolo de antiguidade e autenticidade, a ser preservado pelas gerações vindouras. A massa única, o recheio especial e a qualidade dos ingredientes é o que fazem do dele um produto de excelência.
Qual a origem do folar?
É impossível dizer qual a origem exata do folar transmontano, sendo uma tradição muito antiga e enraizada na região de Trás-os-Montes, mas acredita-se que está conectada com as celebrações pagãs do início da Primavera, que estavam associadas com oferendas de pão.
Com a chegada do cristianismo à região, esta tradição foi incorporada nas celebrações de Páscoa, atribuindo simbolismos muito especiais ao folar; o pão é visto como uma representação da subsistência e a sua forma redonda representa o sol, já as carnes utilizadas no seu recheio retratam o corpo de Cristo. A conotação religiosa em todas estas características do folar é nítida, daí a sua importância numa época como a Páscoa.
Quais as tradições pascais que envolvem o folar?
Uma das tradições que ainda se mantém é a confeção do folar. Era, e ainda é, usual as habitações transmontanas possuírem um forno a lenha, onde é cozido o folar tradicional. Na Quinta-Feira Santa, prepara-se a massa, cortam-se as carnes e assam-se os folares.
Outro costume é padrinhos e afilhados trocarem presentes na Páscoa como uma forma de estreitar laços e de transmissão de valores e ensinamentos. No Domingo de Páscoa, os padrinhos oferecem aos seus afilhados o folar e estes, em troca, entregam-lhes um ramo (tradicionalmente, de oliveira) previamente abençoado no domingo de Ramos, sete dias antes.
A oferta é partilhada entre os presentes no convívio familiar e simboliza o fim da Quaresma, período de jejum e privação.
Grande parte da identidade do folar transmontano está nas carnes que são utilizadas no interior do mesmo mas, ao longo dos anos, várias versões do folar tradicional foram surgindo e ingredientes como a canela, as amêndoas e o açúcar começaram a substituir esse recheio.
Poderá provar as diferentes variantes numa visita à aldeia de Travanca, no dia 8 de Abril, onde vai decorrer a Feira do Folar. Também será possível aproveitar a animação de gaiteiros do concelho mogadourense e participar nos jogos tradicionais planeados. Consulte a programação do evento aqui.
Em suma, um emblema da cozinha regional portuguesa e com uma longa história, o folar é um marco na época da Páscoa (e não só!) e está presente na mesa de todos.
